Anatomia da taiga

No extremo leste da taiga russa, uma pequena cidade chamada Verkhoyansk fica ao longo do rio Yana. Se você morasse aqui, se tornaria amigo íntimo do inverno. As temperaturas não sobem acima de zero entre os meses escuros de novembro e março e as noites podem durar 21 horas. Quando o verão voltasse a fazer parte da sua vida, sua visita seria breve.

Durante os longos dias de verão, o sol brilha intensamente através do dossel esparso das coníferas por 20 horas ou mais por dia, mas permanece próximo ao horizonte. Pedaços de terra que finalmente ficam sem neve sustentam camadas de líquen e árvores coníferas atarracadas pontilham a paisagem. Nesta cidade, você deve absorver o calor e a umidade do verão o máximo que puder, por que antes que você perceba, o inverno volta rapidamente.

Exceções aos extremos

Verkhoyansk exemplifica o extremo norte da taiga, o maior bioma terrestre do mundo. A floresta boreal se estende pelo Alasca e Canadá, pelo norte da Europa, pelo norte da Rússia e até toca o norte do Japão.

A maior taiga contínua ocorre na Rússia, onde se estende por 5.800 quilômetros (3.600 milhas) entre o Oceano Pacífico e os Montes Urais. Em algumas regiões montanhosas, como o Himalaia, a taiga também pode ser encontrada em altitudes elevadas.

Embora um inverno longo e amargo e um verão curto e úmido caracterizem a taiga, nem em todas as regiões da floresta boreal eles são tão brutais quanto em Verkhoyansk. À medida que você vai para o sul, as temperaturas anuais aumentam de -5 ° C (23 ° F) para um frio de 5 ° C (41 ° F) e o verão pode durar de 3 a 4 meses.

O clima relativamente mais quente consegue manter uma população mais densa de árvores coníferas e até algumas árvores caducifólias. O dossel frondoso, portanto, fica mais espesso à medida que você vai para o sul da taiga, e a luz do sol tem cada vez mais dificuldade em chegar até o chão da floresta. Arbustos como o mirtilo e framboesa-amarela, gramíneas curtas, árvores jovens, samambaias e flores silvestres dominam as raras manchas de luz solar na floresta.

Congelado embaixo

Nas regiões da taiga onde as temperaturas médias anuais ficam abaixo do ponto de congelamento, uma camada de solo congelado fica logo abaixo da superfície. Essa camada, quando fica congelada continuamente por mais de dois anos, é chamada de permafrost. No norte, uma camada contínua de permafrost impede que os nutrientes, as águas superficiais e até mesmo as raízes se aprofundem na terra.

Nas regiões da taiga onde as temperaturas médias anuais sobem acima do ponto de congelamento, a exposição à luz solar direta pode derreter o solo congelado durante o verão. Essas áreas interrompem a camada de permafrost e, portanto, a taiga do sul geralmente apresenta permafrost descontínuo. O solo recém-derretido parece úmido e esponjoso, e muitas vezes cria o ambiente perfeito para os pântanos.

As marcas das geleiras

Até cerca de 12.000 anos atrás, quando as temperaturas globais caíram para níveis muito baixos por um longo período de tempo, as geleiras cobriram a taiga e cortaram profundamente o solo. À medida que a terra esquentou, as geleiras recuaram e suas marcas se encheram de água, criando lagos. Na taiga, os lagos são um dos poucos recursos em que a água existe na forma líquida.

Em algumas áreas da taiga, a água da neve derretida ou do permafrost se acumula na superfície. Devido às agulhas das coníferas em decomposição e às baixas temperaturas, essa água geralmente é ácida e pobre em nutrientes - os ingredientes perfeitos para criar pântanos esponjosos e úmidos.

Esses pântanos são o lar de musgos, capins curtos e árvores caducifólias. No verão, as populações de insetos aumentam rapidamente ali e os pássaros migratórios se aglomeram em torno dos pântanos. As plantas mortas se acumulam nessas regiões esponjosas e colorem a água de marrom. Você já pode ter ouvido falar dos taninos, um dos compostos vegetais que se decompõe na água do pântano. Taninos também são encontrados no chá.

Luzes dançantes

Em algumas áreas da taiga do norte, como na Noruega ou no norte do Canadá, você pode assistir a estranhas luzes verdes piscando no céu sobre você durante a noite. Este show brilhante faz parte da aurora boreal e se origina no espaço sideral.

As colisões entre o vento solar e as partículas que são influenciadas pelo campo magnético da Terra emitem luz que pinta labaredas verdes no céu da taiga. Se a aurora for especialmente intensa e não houver nenhum outro ruído na área, você poderá até ouvir um leve som de palmas vindo lá de cima.

Images via Wikimedia Commons. Lagoa boreal por Colocho.