Vacina e ciencia
Escrito por: Ian Vicino, Mary D. Pardhe, Karla Moeller
Ilustrado por: Megan Joyce
Traduzido por: Mariana Grizante

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Erradicar: destruir ou se livrar totalmente.

Micróbio: um ser vivo tão minúsculo que você precisaria de um microscópio para vê-lo.

Pústula: pequena ferida que retém líquido ("pus") do tecido infectado.

Replicar: fazer uma cópia ou reproduzir.

Varíola: uma doença mortal que causa caroços vermelhos na pele.

Seu jogo de esconde-esconde ficou sério. Você está em um canto no fundo do quintal de um amigo, preocupado com as teias de aranha em que você pode encostar. Olhando pra cima e ao redor, você dá um passo para trás e uma dor lancinante atinge seu dedo do pé. Você pisou em um prego enferrujado.

A rusty nail poking up out of a board of wood

Pregos enferrujados podem abrigar a bactéria que causa tétano. Imagem de CJ via Pixabay.

Você foi avisado sobre objetos enferrujados. Ao tirar o sapato e apertar o ferimento, você se dá conta de que um tipo de bactéria nociva, Clostridium tetani, pode ter entrado em seu sistema. Se nada for feito, em alguns dias, essa bactéria pode se transformar em uma força invasora que causa o tétano, uma infecção que afeta o sistema nervoso.

O tétano pode causar espasmos musculares, travar a mandíbula e dificultar a respiração. Mas você se lembra - seu pai fez você tomar outra dose de vacina antitetânica alguns anos atrás. Graças a essa vacina, seu corpo já está treinado para lutar contra esse invasor, então sua única preocupação é manter o ferimento limpo e chamar seu amigo para ajudá-lo a voltar pra casa.

O que é uma vacina?

Swine flu injection in a syringe

As vacinas permitem que você evite o risco de contrair uma doença mortal, treinando seu sistema imunológico para combater micróbios específicos. Imagem de Ingmar Zahorsky via Flickr.

A vacina é um tratamento que treina o sistema imunológico para combater micróbios específicos. Em vez de ficar doente por causa de um micróbio perigoso, a vacina treina seu corpo para combatê-lo usando micróbios mortos ou enfraquecidos (ou pedaços desses micróbios). Dessa forma, as vacinas ensinam seu sistema imunológico a reconhecer micróbios específicos, para que seu corpo possa praticar o combate a esses micróbios. Se esses micróbios tentarem invadir novamente, seu corpo já sabe que defesa preparar. Ele vai combater os micróbios com mais rapidez e sucesso, mantendo você protegido.

Uma breve história das vacinas

Você já se perguntou por que uma vacina é chamada de vacina? Uma dica é a raiz da palavra vacina, vacca, que significa vaca em latim. Por que as vacinas foram nomeadas a partir das vacas? Bem, vamos dar uma olhada em como as vacinas foram descobertas.

Em 1768, um jovem aprendiz trabalhava com um cirurgião rural na Inglaterra. O jovem, chamado Edward Jenner, estava ajudando seu supervisor a tentar prevenir casos graves de varíola nas comunidades locais.

Naquela época, a varíola parecia uma maldição para a humanidade. Muitas pessoas morreram na Europa e em todo o mundo por causa da varíola. A humanidade precisava de uma cura pra esta doença terrível. Na época, eles estavam usando a inoculação pra tentar evitar a morte pela doença. As pessoas eram expostas ao material de uma pústula por meio de pequenos cortes na pele. Esse método deixaria o paciente doente, mas um caso menos grave, e o protegeria de casos mais graves.

A shaggy highland cow from England

Os humanos corriam o risco de contrair varíola e varíola bovina. A varíola bovina era causada por um tipo de vírus relacionado à varíola, e era comum em vacas. Imagem da Nilfanion via Wikimedia Commons.

Foi nessa época que Jenner ouviu falar sobre a varíola bovina, que é uma espécie de versão da varíola que atinge o gado e ainda pode infectar pessoas. As infecções e histórias de varíola bovina versus varíola humana eram um tanto confusas, mas parecia que aqueles que já haviam contraído varíola bovina não tinham tanta reação à inoculação da varíola humana. Depois de mais um ano de aprendizado com outro cirurgião, Jenner voltou para casa e se tornou um médico rural.

Depois de muitos anos tratando pacientes, em 1796, ele foi convidado a inocular um menino com a varíola bovina, para evitar um surto que estava acontecendo localmente. Ele o fez e, alguns meses depois, tentou inocular o menino com a varíola humana. Embora se soubesse que a varíola bovina e a varíola humana estavam relacionadas, até esse experimento, ninguém tinha testado a ideia de que a inoculação da varíola bovina poderia proteger diretamente contra a varíola humana.

Jenner fez essa descoberta, pois o menino teve uma resposta reduzida à inoculação de varíola humana. A partir de então, o tratamento com varíola bovina (denominado vacinação) para reduzir o risco de varíola começou a se ampliar, ajudando a proteger a população contra a varíola humana. Essa descoberta salvou inúmeras vidas e abriu caminho para a descoberta de outras vacinas.

Four chicken eggs in a pile on straw

As vacinas são produzidas em muitos tipos de organismos, de ratos a galinhas e plantas. Imagem de S. Hermann e F. Richter via Pixabay.

Hoje, as vacinas são feitas de muitas maneiras diferentes, mas sempre levam ao mesmo resultado: criar imunidade a um micróbio de maneira semelhante ao que fez a vacina da varíola bovina de Jenner. E é por isso que a palavra vacina foi criada a partir da palavra vaca, porque a varíola bovina foi a primeira vacina a ser usada contra a varíola humana.

Proteção no rebanho

Um pequeno rebanho de gnus está pastando em um campo na savana africana. No meio do rebanho, um filhote caminha ao lado de sua mãe. O filhote ainda não sabe, mas chamou a atenção de uma matilha de cães selvagens africanos. Alguns dos gnus notam os cães selvagens, e então batem os cascos e dão gritos de alerta. Mas a manada se assusta e começa a correr. Logo, o filhote está correndo para salvar sua vida.

O filhote é pequeno e tenta desesperadamente acompanhar o rebanho porque sabe que há proteção ali. Os olhos dos cães estão voltados para o filhote, um alvo fácil, mas não conseguem alcançá-lo. A mãe do filhote e um outro gnu ainda o cercam para protegê-lo. O rebanho consegue escapar sem ferimentos e chegar ao novo pasto. Se não fosse pela proteção do rebanho, o bezerro teria sido uma refeição fácil para os cães selvagens.

O que é imunidade de rebanho?

Você deve estar se perguntando o que os gnus e os cães selvagens têm a ver com vacina. Bem, a história daquele filhotinho ajuda a descrever um termo chamado “imunidade de rebanho”, que as pessoas costumam usar quando falam sobre a importância da vacinação. Então, o que é imunidade de rebanho?

A herd of wildebeest during migration

As pessoas vacinadas podem ajudar a proteger aqueles que não podem ser vacinados por motivos médicos. Esta "imunidade de rebanho" é semelhante à proteção de manter um jovem gnu dentro de um rebanho, isolado dos ataques. Imagem de shankar s. via Wikimedia Commons.

A imunidade de rebanho é um conceito relacionado a como as pessoas vacinadas podem ajudar a proteger as pessoas não vacinadas de pegar a doença. Cães selvagens e gnus podem nos mostrar como funciona a imunidade de rebanho, com a diferença de que, para nós, a ameaça se trata de micróbios contra os quais estamos tentando nos proteger. Os adultos do rebanho podem ser considerados todos aqueles que foram vacinados contra um micróbio. Os vacinados podem ajudar a proteger os não vacinados de serem infectados, assim como os adultos do rebanho protegeram o filhote de ser comido.

Quando uma população não é vacinada contra um determinado micróbio, ele pode se espalhar muito rapidamente de pessoa para pessoa. Mas quando a maior parte da população é vacinada contra os micróbios, esse processo de contágio é muito mais difícil. Quando os micróbios entram em uma pessoa vacinada, o corpo dessa pessoa pode matá-lo antes que se espalhe para infectar outras pessoas. Dessa forma, mesmo que haja algumas pessoas que não sejam vacinadas e corram o risco de adoecer, as demais pessoas vacinadas ajudam a protegê-las.

Na história do gnus, os adultos do rebanho mantiveram o filhote seguro. Mas o que você acha que teria acontecido se houvesse mais filhotes ou menos adultos no rebanho? Haveria proteção suficiente para os filhotes?

Quem não deve ser vacinado? 

As vacinas são um tipo de medicamento preventivo. E como acontece com qualquer medicamento, algumas pessoas (muito poucas) podem ser alérgicas. Aqueles que são realmente alérgicos a uma vacina certamente não devem ser vacinados. Outras pessoas com problemas imunológicos e muito jovens também não devem ser vacinadas contra certos micróbios. Mas nós, como sociedade, podemos proteger essas pessoas de serem infectadas ao sermos vacinados.

A young child receiving a vaccination through an arm injection.

As crianças devem ter uma certa idade para que as vacinas funcionem para protegê-las de doenças. Antes disso, elas fazem parte da população vulnerável que os vacinados podem ajudar a proteger.

Ao sermos vacinados, criamos um escudo contra infecções pra que aqueles que não podem ser vacinados continuem protegidos. Se todos que podem ser vacinados o fizerem, isso mantém o escudo forte. Mas se as pessoas que podem ser vacinadas decidirem não fazê-lo, isso criará mais falhas na proteção e haverá mais risco de a infecção causar um surto inesperado.

Se um número suficiente de pessoas for vacinado contra uma doença específica, juntos podemos ser capazes de eliminar essa doença de uma vez. A varíola é um ótimo exemplo. Na maioria das vezes, não precisamos mais ser vacinados contra a varíola porque ela foi eliminada por meio da vacinação generalizada. No entanto, a menos que uma doença seja erradicada, devemos contribuir para a imunidade de rebanho, ou imunidade coletiva, tomando nossas vacinas.

As vacinas protegem da infecção

Graças às vacinas, temos uma maneira de nos proteger de doenças como tétano, catapora, hepatite, poliomielite, sarampo e muitas, muitas outras. E, ao sermos vacinados, podemos ajudar a proteger as pessoas ao nosso redor por meio da imunidade coletiva. As vacinas são uma forma importante de proteger a sua saúde e a saúde das pessoas ao seu redor. Se você tiver alguma dúvida se está em um grupo vulnerável que não deve ser vacinado, consulte um médico.


As origens da vacinação: Mitos e realidade https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3758677/

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Detalhes bibliográficos:

  • Artigo: Vacina e ciência
  • Autor: Ian Vicino, Mary D. Pardhe, Karla Moeller
  • Tradutor: Mariana Grizante
  • Editor: Arizona State University School of Life Sciences Ask A Biologist
  • Nome do site: ASU - Ask A Biologist
  • Data de publicação: March 31, 2021
  • Data acessada: April 18, 2024
  • Ligação: https://askabiologist.asu.edu/portuguese/vacina

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Ian Vicino, Mary D. Pardhe, Karla Moeller. (2021, March 31). Vacina e ciência, (Mariana Grizante, Trans.). ASU - Ask A Biologist. Retrieved April 18, 2024 from https://askabiologist.asu.edu/portuguese/vacina

American Psychological Association. For more info, see http://owl.english.purdue.edu/owl/resource/560/10/

Chicago Manual of Style

Ian Vicino, Mary D. Pardhe, Karla Moeller. "Vacina e ciência", Translated by Mariana Grizante. ASU - Ask A Biologist. 31 March, 2021. https://askabiologist.asu.edu/portuguese/vacina

MLA 2017 Style

Ian Vicino, Mary D. Pardhe, Karla Moeller. "Vacina e ciência", Trans. Mariana Grizante. ASU - Ask A Biologist. 31 Mar 2021. ASU - Ask A Biologist, Web. 18 Apr 2024. https://askabiologist.asu.edu/portuguese/vacina

Modern Language Association, 7th Ed. For more info, see http://owl.english.purdue.edu/owl/resource/747/08/
Uma ilustração de David S. Goodsell mostrando moléculas de vacina em rosa

Uma ilustração de David S. Goodsell mostrando moléculas de vacina, em rosa, que são semelhantes a um vírus contra o qual a vacina protege. As moléculas da vacina se ligam ao exterior de uma célula do sistema imunológico. Em resposta, a célula do sistema imunológico criará anticorpos que podem combater o vírus real.

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